sexta-feira, 20 de maio de 2011

RELATÓRIO DE PESQUISA - FEICIPA

RELATÓRIO DE PESQUISA

Titulo: Anemia Falciforme – Você sabe que doença é essa?

Nomes dos Autores:
Sonia Dias de Paiva – Orientadora ( sdsorria@yahoo.com.br  )
Ivanildo Silva de Souza e Luana Silva Santos (Expositores)
Romão Moreira e Ronaldo Andrade (Co-orientadores)

Resumo: A anemia falciforme, doença genética e hereditária, com alto índice de nascimento, adoecimento e morte de acordo com o Programa Nacional de Triagem Neonatal (PNTN) atinge 3.500 crianças com a doença e 200.000 com o traço da mesma (forma assintomática). Com base nestes dados é caracterizada como um relevante problema de saúde pública em nosso país. Fato que nos instigou a desenvolver um projeto de iniciação científica que objetivasse a responder a razão do aumento da incidência de nascimento, adoecimento e morte, causados por essa doença. Para responder a esse questionamento foi realizada uma pesquisa bibliográfica e descritiva com análise dos dados coletados, com aplicação de 301 questionários com perguntas fechadas para a população em geral e entrevista com perguntas abertas para médica hematologista e paciente (pessoa que tem a doença falciforme). Com análise dos dados coletados percebemos que a população não tem conhecimento sobre a doença e que a pessoa que tem a doença não tem suas necessidade biopsicossociais atendidas. Cenário que pode ser modificado com a realização de campanhas e eventos educativos e científicos, que dêem visibilidade a esse tema, garantindo a melhoria no controle de nascimento, isibilidade a esse tema, garantindo a melhoria no controle de nascimento  adoecimento e morte, causados pela doença.

Introdução:
A anemia falciforme, doença genética e hereditária, caracterizada pela deformação dos glóbulos vermelhos, que segundo Rapaport (1990) “tomam a forma de foice – daí o nome falciforme”. É uma doença originária da África e difundida para o Brasil na época do escravismo, constituindo-se na atualidade como doença de predomínio, a qual pode ser contextualizada em todas as disciplinas, história, geografia, biologia, etc.(Kikuchi, 1999).
De acordo com as estatísticas do Ministério da Saúde (MS) é alto o índice de nascimento dessa doença e traço falciforme, na Bahia, “onde existe a maior incidência, com um doente para cada 650 nascimentos e um portador do traço falciforme para cada 17 nascimentos”. Segundo Paiva (2007) “a comunidade escolar não tem conhecimento sobre a doença”, o que justifica o alto índice de baixa escolaridade das pessoas que tem a mesma, já que não tem suas necessidades médicas e educacionais atendidas (Kikuchi, 1999). Situação que nos motivou a desenvolver um projeto que revelasse se a comunidade escolar é a única a desconhecer essa doença, ou se a população, em geral, também desconhece a mesma, fato que pode estar contribuído para o alto índice de nascimento, adoecimento e morte causados pela doença.
O projeto objetivou também, de acordo com o resultado da pesquisa, promover informações, a população em geral, sobre a anemia falciforme, ou seja, investigação-ação, onde se identifica o problema, propõe-se e construí-se uma solução (Rudio, 1986).
Materiais e métodos:
O projeto foi desenvolvido através de pesquisa bibliográfica e descritiva com análise dos dados coletados. A pesquisa descritiva foi efetivada com coleta de dados operacionalizada através de aplicação de 301 questionários com perguntas fechadas para a população em geral. E entrevista com perguntas abertas, de forma organizada e sistematizada para médica hematologista e paciente (pessoa que tem a doença falciforme).
O lócus da pesquisa foi a Universidade Federal do Pará (UFPA), Universidade Estadual do Pará (UEPA), Universidade Vale do Acaraú (UVA), Fundação HEMOPA (Centro de Hematologia e Hemoterapia do Pará) e Praça da República.
Com a análise dos resultados da pesquisa foi elaborado e construído material expositivo e informativo (banner, folder, álbum seriado, etc.) para oportunizar informações sobre a anemia falciforme, a população em geral, através da ExpoCCIUFPA (Exposição do Clube de Ciências da UFPA) e FEICIPA (Feira de Ciências do Pará), somado a outros recursos (esqueleto humano e microscópio) que auxiliaram na exposição do tema.

Resultados: Com análise dos dados coletados, através da aplicação de 301 questionários com as respectivas perguntas fechadas:
 I - A anemia falciforme é causada pela má alimentação?
(   ) Não   (   ) Sim (   ) Não tenho conhecimento
II- Na anemia falciforme as hemácias (glóbulos vermelhos) transportam oxigênio normalmente pelo corpo?
(   ) Não  (   ) Sim  (   ) Não tenho conhecimento
III- As pessoas com anemia falciforme têm glóbulos vermelhos diferentes?
(   ) Não  (   ) Sim  (   ) Não tenho conhecimento
IV - Na anemia falciforme existe contra indicação no consumo maior de  ferro?
(   ) Não  (   ) Sim  (   ) Não tenho conhecimento
V - O diagnóstico precoce é realizado através de exame de sangue conhecido como hemograma?
(   ) Não  (  ) Sim  (   ) Não tenho conhecimento
VI - Os Pais que apresentam o traço falciforme podem gerar filhos com anemia falciforme?
(   ) Não  (   ) Sim  (   ) Não tenho conhecimento
VII - A ingestão de bastante líquido ajuda as pessoas que tem a anemia falciforme?
(   ) Não  (   ) Sim  (   ) Não tenho conhecimento.
VIII – O sintoma mais freqüente da anemia falciforme são as crises de dor, localizadas nos ossos, nas articulações, músculos, etc.?
(   ) Não  (   ) Sim  (   ) Não tenho conhecimento
IX – A anemia falciforme é uma doença genética, isto é, herdada dos pais?
(  ) Não  (   ) Sim  (   ) Não tenho conhecimento
X – A anemia falciforme é uma doença bastante comum em afro-descendentes? 
(  ) Não  (   ) Sim  (   ) Não tenho conhecimento

  Observamos que a maioria dos informantes não tinha conhecimento sobre a anemia falciforme.
Analisando os dados coletados, com a aplicação dos questionários acima, percebemos que das 10 (dez) questões do questionário, 7 (sete) alcançaram o índice máximo, correspondente a opção “não tenho conhecimento”.
Contudo os informantes demonstraram ter algum conhecimento no que diz respeito às questões II e III, visto que assinaram corretamente.
No entanto na questão V os informantes demonstraram desconhecer completamente o exame que serve para diagnóstico precoce da anemia falciforme, o qual é feito é realizado através do teste do pezinho. A 1ª fase (Fenilcetonúria e Hipotireoidismo) da Triagem Neonatal foi institucionalizada no Sistema Único de Saúde no Brasil, através da Portaria do Ministério da Saúde (MS) de 15 de fevereiro de 1992. Em 6 de junho de 2001, mediante Portaria 822/01 do MS, foi criado o Programa Nacional de Triagem Neonatal, incluindo as hemoglobinopatias (doenças por defeito na hemoglobina) na 2ª fase (Fenilcetonúria, Hipotireoidismo + Doença Falciforme). Vale ressaltar que se a doença não for diagnosticada através do teste do pezinho, o diagnóstico pode ser feito através do exame de sangue chamado “eletroforese de hemoglobina”. 
Referente à entrevista que foi realizada com a médica hematologista e paciente (pessoa que tem a doença falciforme), em anexo, percebemos que apesar do tratamento hematológico ser muito importante para o controle da anemia falciforme, e qualidade de vida das pessoas que tem essa doença, o mesmo não atinge a todas as pessoas, as quais acabam sofrendo muito mais com as complicações da doença, chegando a óbito (morte), por conta do desconhecimento dos outros profissionais da área da saúde. E aqueles que sobrevivem acabam evadindo precocimente da escola, por não terem suas necessidades específicas atendidas, o que acarreta para essas pessoas problemas psicológicos e sociais, visto que não conseguem entrar no mercado de trabalho, devido não terem um formação profissional.   


Discussão:
Como pode haver um controle na alta taxa de nascimento, adoecimento e morte causada pela anemia falciforme, se através da análise dos dados coletados percebemos que os informantes, população em geral (área da saúde, educação e outras), na sua maioria não tem conhecimento sobre a doença. Se não conhecem como podem atender adequadamente as pessoas que tem a doença e fazer aconselhamento genético para aquelas que têm o traço falciforme e que podem geram filhos com a doença, de acordo com as probabilidades genéticas existentes (Kikuchi, 1999). 

Conclusão:
Com o desenvolvimento do Projeto “Anemia Falciforme – Você conhece essa doença?” percebemos que é possível modificar o índice de aumento da incidência de nascimento, adoecimento e morte, causados por essa doença, visto que, de acordo com estudo bibliográfico e coleta de dados, a falta de conhecimento das pessoas das diversas áreas de conhecimento, está intimamente relacionada com estes índices.
Portanto acreditamos que iniciativas, como realização de projetos relacionados com a doença falciforme e eventos, como Exposição do Clube de Ciências da UFPA, Feira de Ciências do Pará e Feira Brasileira de Ciências e Engenharia, podem mudar, mesmo que em pequena dimensão, essa realidade, pois os mesmo oportunizam espaços que dão visibilidade a questão da anemia falciforme.




Referências Bibliográficas:

CHALMERS, A. F. O Que é Ciência Afinal? São Paulo: Brasiliense, 1993.

GAMA, D. D. da S.; SACRAMENTO, M. T. P.; SAMPAIO, V. R. C. Moderna Assistência de Enfermagem. São Paulo: Moderna, 1990.

KIKUCHI, B. A. Anemia Falciforme: Manual para agentes de educação e saúde. São Paulo: Health, 1999.

MARTINS, J. S. O Trabalho com Projetos de Pesquisa: do ensino fundamental ao médio. São Paulo: Papirus, 2001.

RAPAPORT. S.I. Introdução a Hematologia. São Paulo: Roca, 1990.

PAIVA, S. D. Aluno Falciforme: O Paradoxo da Inclusão – Conhecer Para Melhor Atender. Trabalho de Conclusão de Curso. Universidade Vale do Acaraú, Belém: 2007.

                                                        

                                                   

2 comentários:

  1. Minha querida amiga...

    Tenho o grande privilégio de ter sido testemunha ocular de uma parte de sua história, com a qual sou totalmente solidária, especialmente por ter lhe conhecido num dos momentos mais especiais de nossas vidas, onde você se mostrou uma guerreira verdadeiramente vitoriosa, parabéns pela iniciativa, o blog está ótimo!
    Luz e Paz para todos....
    Abç,
    Marlene
    Belém (PA)

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